Sistema carcerário caótico: goianiense não pagou pra ver
Sistema carcerário de Aparecida de Goiânia foi palco de rebelião sangrenta na tarde desta quinta-feira, 23 | Foto: Guilherme Coelho
Não faço parte da ala do “quanto pior, melhor”, mas os moradores da Região Metropolitana de Goiânia tiveram motivos concretos para não deixar suas residências na noite desta quinta-feira. Pânico é uma coisa, prevenção é outra bem diferente. O conflito entre facções na penitenciária Odenir Guimarães, que culminou na morte do traficante Thiago Topete, era algo esperado e de consequências imprevisíveis. Frase do coronel Edson Costa, secretário de Segurança Pública: “Isso (a briga) poderia ocorrer mais cedo ou mais tarde”. Receosa com o poder e a organização das quadrilhas que dominam o tráfico de drogas dentro e fora do presídio, a população preferiu não pagar pra ver. Vistoria em 188 cidades
E vai continuar sendo assim ao menor sinal de novo enfrentamento entre grupos rivais no presídio de Aparecida de Goiânia. A cúpula da segurança pública em Goiás até tenta tranquilizar os cidadãos de bem minimizando o efeito de declarações veiculadas nas redes sociais, entretanto a realidade, local e em outros estados, aponta na direção contrária. A população concorda mais com as palavras do desembargador Gilberto Marques Filho, presidente do Tribunal de Justiça, do que com a aparente calmaria policial. “O sistema está caótico, no Brasil como um todo, e em particular no Estado. Já vistoriamos presídios e cadeias em 188 municípios goianos e constatamos que é alto o risco de rebeliões violentas”, declarou à Coluna Giro do jornal “O Popular”. LEIA MAIS: Toque de recolher em Goiânia: guerra entre facções criminosas cria temor Barril de pólvora
Neste momento não pode haver meia palavra, meia realidade. O barril de pólvora em que se transformou o sistema carcerário brasileiro mete medo sim e qualquer indivíduo que desconheça este grave problema é um imbecil. O papel das forças policiais, o de zelar pela ordem e segurança da sociedade, está sendo realizado dentro das suas naturais limitações, principalmente em relação ao baixo efetivo. Resumindo: o cidadão indefeso continua tentando equilibrar-se entre o exagero do toque de recolher e a fantasia da normalidade propagada pelos governantes. Na dúvida, o sofá de casa tem sido o caminho mais seguro. Acompanhe o Folha Z no Facebook, Instagram e Twitter