As aulas presenciais na rede pública de Aparecida de Goiânia não serão retomadas em março, como estava previsto no início do ano letivo.
Em entrevista à Folha Z, o secretário municipal de Educação, Professor Divino Gustavo, explicou como o cenário das novas cepas e a 2ª onda da covid-19 interferiram no planejamento da pasta.
Confira a conversa completa:
Foi um desafio muito grande. Para ter uma ideia, eu ainda não tive nem mesmo um contato presencial com a rede, só alguns atendimentos pontuais na secretaria.
O meu propósito na Educação é, desde o início, melhorar o desempenho da cidade no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica].
Mas a pandemia trouxe desafios ainda maiores.
Claro, temos que enaltecer o trabalho que foi feito aqui na Educação, Valéria [Pettersen] e Wanderlan [Renovato] deixaram seu legado.
A avaliação da secretaria e do Comitê [Municipal de Prevenção e Enfrentamento à Covid-19] era favorável ao retorno presencial, gradual, com 30% dos alunos em sala de aula.
Mas o cenário mudou com as novas cepas.
Diante desse cenário, achamos prudente suspender sem prazo definido a retomada.
Não há nenhum estudo conclusivo a respeito do retorno 100% seguro às escolas.
O que há são os protocolos de biossegurança: máscara, álcool, distanciamento como regra etc.
As ferramentas contribuem, é claro.
Mas os alunos ainda têm necessidade da sala de aula para alguns aspectos, como as dúvidas, sobretudo nas disciplinas de raciocínio lógico.
Para ajudar nessa questão, temos o projeto de uma plataforma nova para facilitar o dia a dia das aulas.
Ela já está funcionando como projeto piloto em 10 escolas e deve ser lançada para toda a rede dentro de 1 mês.
Hoje, cerca de 14% dos alunos ainda têm dificuldades de acesso à internet, principalmente nesse cenário de crise econômica que se abateu sobre as famílias.
Mesmo assim, nós não deixamos ninguém sem o material impresso.
Apesar das dificuldades, nós temos que enaltecer o trabalho das equipes pedagógicas, que têm trabalhado diuturnamente para que o processo de aprendizagem não fique defasado.
Eu sempre reforço a mensagem: “não meça esforços para contribuir”. E os professores atenderam ao chamado e estão de parabéns.
A aceitação tem sido muito boa, pelo que percebemos. Eu mesmo sempre me coloquei aberto aos professores.
E nós temos vários projetos para apresentar para eles, o que ainda não aconteceu devido à dificuldade do contato não presencial.
Mas sempre estamos pensando em maneiras de dialogar com as necessidades deles.
Um exemplo disso é a palestra que vamos realizar na próxima 6ª feira (19), sobre Educação e Saúde Mental.
Ainda temos déficit, mas as parcerias público-privadas, estimuladas pelo prefeito Gustavo Mendanha, amenizaram o problema.
Nossa expectativa, agora, é de que a construção de 15 novos CMEIs com verbas federais seja aprovada em breve.
Com uma média de 180 alunos por unidade, poderemos expandir a capacidade em aproximadamente 2.500 vagas.
Quando eu recebi o convite para assumir a pasta, o prefeito falou: “2020 foi o ano da saúde e 2021 será o ano da educação”.
Ninguém imaginava que ainda viveríamos uma situação tão complicada 1 ano depois do início da pandemia e, infelizmente, 2021 ainda tem sido o ano da saúde.
E isso impõe uma dificuldade maior, porque nosso primeiro foco tem que ser, sim, a saúde de todos envolvidos no processo: servidores, professores, alunos e famílias.
Mas o objetivo ainda é melhorar a qualidade de ensino na cidade.
Valéria Pettersen deve assumir Secretaria de Educação de Goiânia
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