Chefe da equipe de policiais volutários que pôs fim à fuga do assassino Lázaro Barbosa em junho de 2021, o tenente-coronel Edson Luís Souza Melo Rocha revelou todos os detalhes do último confronto com o criminoso.
Durante entrevista para o youtuber Glauber Mendonça, o militar contou como foram os dias na mata em perseguição ao fugitivo mais procurado do Brasil.
Glauber Mendonça entrevista o tenente-coronel Edson | Foto: Arquivo Pessoal
Responsável pela segurança do governador Ronaldo Caiado, Edson comandou uma equipe que se voluntariou para a caçada.
“De uma maneira ou de outra, comecei a me cobrar quando houve a chacina. No 7º dia [das buscas], fui ao governador e pedi autorização e ele falou: ‘Vá lá e vença’. No 9º dia de operação, desci”, revelou.
Foto: Arquivo Pessoal
Segundo o policial, ele e sua equipe passaram dificuldades no meio da mata procurando sinais da passagem do fugitivo.
“O frio era tanto que você não conseguia segurar a pistola na mão. Pra piorar, uma manada de queixada passou perto de nós por volta das 2h da madrugada. As árvores eram muito grandes pra subir. Pensei que a gente ia ter que trocar tiro com os porcos”, brincou.
Edson ainda relatou um episódio em que quase foi vítima de uma armadilha mortal deixada por Lázaro ao entrar em uma casa em que havia som alto sendo reproduzido.
“Chegamos na porta e eu observei que a porta estava só encostada. Fui para pegar na maçaneta e o meu policial me alertou gritando para tirar a mão. Tinha um fio ligado na maçaneta.”
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Durante a caçada, segundo o tenente-coronel, a maior dificuldade era encontrar o rastro do criminoso, que conhecia a região e usava técnicas para disfarçar suas pegadas.
“Ele usava o rio para a fuga. Quando não estava em fuga, ia para o mato e logo em seguida para o morro. E ao cair da noite, procurava um buraco pra passar a noite”, contou Edson.
As buscas já se estendiam por mais de 10 dias quando o militar decidiu seguir para a última região de onde havia partido a informação de que Lázaro poderia estar se escondendo.
“Quando ele percebia que estava próximo de ser capturado, ameaçava, disparava e fugia. Isso aconteceu várias vezes. Então eu pensei que só tinha uma forma de pegar ele. Independente de estar tomando tiro, eu vou pra cima do bicho. Porque ou ele vai se entregar ou ele vai embora.”
Equipe que capturou Lázaro Barbosa sob o comando do tenente-coronel Edson | Foto: Arquivo Pessoal
Segundo Edson, foi durante uma varredura no ponto informado que um colega da equipe quem viu um vulto atrás de um bambuzal e todos ficaram alertas.
O comandante ordenou que equipe avançasse “em leque” para encurralar o suspeito.
Nesse instante, um helicóptero passou sobre o local, chamando a atenção de Lázaro.
“Foi o momento em que nós progredimos. Quando ele percebeu, nós já estávamos na direção dele e ele falou ‘Não vem, que eu vou atirar na cabeça’. Ele abriu fogo. Nós abrimos o leque e começamos a disparar naquela direção. Em determinado momento, cessou a agressão.”
A equipe disparou, ao todo, 125 vezes na operação. Lázaro, segundo os laudos, tinha 38 sinais de perfuração.
Todos os policiais envolvidos no último confronto contra o assassino foram condecorados pelo governador.
Edson Rocha entrega exemplar do livro que escreveu sobre a caçada a Lázaro Barbosa ao governador Ronaldo Caiado | Foto: Arquivo Pessoal