Uma criança de 6 anos diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) está tendo dificuldade para receber apoio na rede municipal de educação de Aparecida de Goiânia.
A mãe do garoto, Juliana Fernandes Bosco, denunciou à Folha Z os desafios para conseguir garantir as condições para educação de seu filho, matriculado na Escola Municipal Maria Gomes da Silva, na avenida José Magalhães Rios, no setor Colonial Sul.
Pela ansiedade, a criança danificou os materiais escolares | Foto: Arquivo Pessoal/Juliana Fernandes
Juliana conta que o garoto foi diagnosticado bem cedo, ainda com 1 ano de idade.
Aos 5, quando ele começou a estudar, precisou de uma professora de apoio para auxiliá-lo em sala.
Segundo Juliana, no primeiro ano de educação, em 2022, o apoio foi oferecido ao longo de todo o período letivo, diferente do que acontece neste ano.
Ela conta que, em 2023, já é a segunda vez que o seu filho fica sem uma professora de apoio em sala de aula, o que compromete o aprendizado.
Desta vez, o garoto já está a 2 meses sem um profissional orientador na escola.
Criança leva uniformes extras para emergências | Foto: Arquivo Pessoal/Juliana Fernandes
De acordo com Juliana, a diretora da Escola Maria Gomes da Silva sempre esteve disposta para ajudar a criança, mas a resposta das autoridades não vêm seguindo o mesmo caminho.
A reitora já encaminhou ofício para a Secretária Municipal de Educação (SME) solicitando professora de apoio para o filho de Juliana e chegou a ir pessoalmente até o órgão, mas não teve solução para o caso.
A mãe revelou à reportagem que já fizeram a promessa de que uma profissional seria enviada, mas a criança permanece sem apoio.
Ela explica que, sem uma professora de apoio, o filho sofre com dificuldades em sala de aula e nos momentos de maior nervosismo e ansiedade, já chegou a rasgar e quebrar materiais.
Por conta disso, Juliana deixa de mandar o garoto à escola por diversas vezes nos últimos dias.
Criança utiliza de abafador para que som não incomode | Foto: Arquivo Pessoal/Juliana Fernandes
Pessoas com estes transtornos demonstram hiperatividade, comportamento de desatenção e dificuldade em acompanhar o aprendizado em sala, o que dificulta o processo educacional.
Além disso, crianças autistas podem ser induzidas a crises de pânico pela sala de aula barulhenta e agitada.
O filho de Juliana, por exemplo, utiliza um abafador para o som e leva roupas extras, em caso de fazer xixi na roupa pela ansiedade.
Diante disso, existem diversas leis que conferem o direito à educação para crianças portadoras de deficiência, incluindo o direito a um profissional de apoio..
A 12.764/12, por exemplo, no parágrafo único do seu artigo 3º, diz:
Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
IV – o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
…..
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.
Os professores de apoio são necessários para conduzirem o ensino de maneira especial para crianças portadoras de deficiência.
Em resposta ao caso, a SME de Aparecida de Goiânia explicou que já possui reconhecimento da situação na unidade, mas ainda não apresentou uma solução direta.
Em nota enviada à Folha Z, a SME informa que reconhece o déficit de profissional para a escola e “está realizando um chamamento do processo seletivo para suprir essas vagas remanescentes”.
Além disso, o texto menciona alternativas para amenizar as dificuldades, como a existência de uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) disponível para que a criança participe no contraturno das aulas regulares.
Segundo a secretária, apesar da falta de profissional de apoio, não é possível que o aluno seja liberado das atividades escolares.
O prazo para contratação de um profissional especializado, no entanto, não foi apresentado.